Com é triste o preconceito!
Que burrice instituída!
Se vem de gente instruída,
É um grosseiro defeito,
Pensar assim desse jeito.
Não vai deixar de ser homem
Nem vai virar lobisomem,
Quem outro homem achar
Bonito, sem se escrachar.
Que esses vergonha tomem.
Se eu admiro a beleza
Da mulher é natural,
Mas não vejo qualquer mal
Se, mesmo com sutileza,
Fizer essa gentileza.
E, no sentido estrito,
Sem preconceito restrito,
Me expressar publicamente,
Não seja otário ou demente.
Pode achar homem bonito.
Só não vale suspirar
Ficar gemendo pros cantos,
E até chegar aos prantos,
Porque assim vão duvidar,
E não vão lhe respeitar.
Mas verdade seja dita,
Sem temer língua maldita,
O belo é pra ser louvado;
Feio é mesmo o cão danado,
Seja a beleza bendita.
O belo pra mim é desenho,
Quer de gente ou de paisagem,
Um bom lance, de passagem,
Aprecio, não desdenho;
Mãos aos traços, desempenho.
Real e não carbonário
De um fato extraordinário,
Risco o lírico poético,
Em curvas de traço ético,
Das linhas do imaginário.
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