quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Cordel #084: POR ISSO ME BASTO EM TI


Esvazio-me de mim mesmo
Busco, no fundo ou no raso,
O que me leva ao arraso
Ou que me conduz a esmo,
Meu pensar em anfidesmo.
Tento sair da rotina
Que me dita e repagina,
Tal qual um ser programado,
E já meio alucinado.
Busco essa Fonte Divina.

Na Fonte Divina eu busco
Pois a minha inspiração,
No imo do coração
Visão plena ou só de lusco
Na claridade ou no lusco.
Na despensa, nem se via
Qual geladeira vazia
O mínimo suprimento,
Que desespero e tormento!
Começa então a agonia.

A agonia entra em campo
Torrando tua paciência,
Mas grita e pede clemência
E a luz qual de pirilampo
Desfaz as trevas, descampo.
Que Tu me supres, confio,
Em Teu prover eu me fio.
Noutro não busco o socorro,
Depressa pra Ti eu corro,
Sigo-Te, então, sem desvio.

Correndo pra Ti depressa,
E um clarão vem de repente,
Consertar-me é mais que urgente.
Tenho mesmo muita pressa,
Tua vontade em mim é impressa.
Tu vales mais que o rubi,
Mais que ouro, percebi;
Tua luz mostra o Caminho;
Rumo certo ao Teu ninho.
Por isso me basto em Ti.

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