Gostaria de compartilhar algumas dicas para que se obtenha uma composição de qualidade.
Embora a ordem não seja uma condição
'sine qua non' para se conseguir um bom resultado, é recomendável que
façamos primeiro a letra.
A letra pode ser composta de versos
rimados ou não, simétricos ou não. O que importa mais aqui é que
evitemos o erro de prosódia.
Mas, afinal, o que é prosódia?
Segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa,
prosódia é:
s. f.
1. Vocalização
das palavras segundo as leis do acento e da quantidade. =
ortoépia
2. Boa
pronúncia. =
ortoépia
3. Acentuação
das palavras. =
ortoépia
4. Ling. Estudo dos sons da fala, do
ponto de vista da acentuação, entoação, duração, etc.
Em outras palavras, prosódia ou
ortoépia é exercício de pronunciar bem as palavras tanto quanto a
acentuação quanto a entoação e duração, quer seja simplesmente
falando-as, quer seja discursando, declamando ou cantando. O acento deve
ocorrer exatamente na sílaba forte da palavra. Além do acento na sílaba
forte da palavra, existe ainda o acento forte da frase. Além de termos
que respeitar essa prosódia, devemos ter o cuidado de utilizar vocais
forte e sonoras. Isto significa que sempre que possível devemos evitar
as vagais 'i' e 'u' nas sílabas fortes da frase ou verso, pois consomem
muito ar com pouco efeito sonoro.
Vamos exemplificar para uma compreensão maior. Peguemos como exemplo o verso da música de David Quinlan:
'Quero ser como criança
Te amar pelo que és;
Voltar a inocência E acreditar em Ti.
Mas às vezes sou levado Pela vontade de crescer;
Torno-me independente E deixo de simplesmente crer'.
Voltar a inocência E acreditar em Ti.
Mas às vezes sou levado Pela vontade de crescer;
Torno-me independente E deixo de simplesmente crer'.
Trata-se aqui de uma construção
assimétrica, mas a prosódia está quase perfeita. Um detalhe quase
imperceptível, para o ouvinte desatento. Note que a palavra 'como' no
primeiro verso está pronunciada de forma incorreta, ferindo a ortoépia -
'komú' em vez de 'cõ´mo'. Isso pode ser contornado alongando
ligeiramente a nota do 'cõ' e encurtado a nota de 'mo'. Todo bom
intérprete pode se dar ao trabalho de corrigir a prosódia para o bem da
clareza da mensagem que queira transmitir. Isto faz parte da arte de
interpretar.
Evitemos palavras de sentido dúbio ou sequência de sons que possam gerar cacófatos que além de soarem de modo
desagradável aos ouvidos, podem levar a interpretação errônea da mensagem que você queira transmitir.
Se a composição é Gospel, a letra deve
ser coerente com a mensagem Bíblica. devemos evitar temas ou doutrinas
alheias às Escrituras.
Faça uso das estrofes para denunciar
um problema e suas consequências, mas use os refrões para colocar a
verdade que realmente queira difundir aos ouvintes, a conclusão ou a
solução do problema proposto. Geralmente o refrão é uma mensagem
conclusiva de tudo o que se cantou antes. É a solução para a proposta
apresentada nas estrofes.
Quanto a musicalidade, explore o uso de notas ligeiras nas estrofes, usando notas menos rápidas nos refrões ou vice-versa.
Ouse ser criativo. Não floreie muito, mas seja simples, claro e objetivo.
Evite frases que possam atentar contra
a moral e o bons costumes. Seja sempre claro e objetivo. É possível ser
criativo sem ser comercial ou apelar para expediente inapropriados.
Nunca deixe sua letra sem conclusão.
Você até pode terminar cada estrofe em suspense, quer seja na letra quer
seja em termo de acordes em suspenso e não concluindo. mas deve sempre
concluir a melodia, nem que seja no último verso, mas que seja
conclusivo.
Nós, compositores, podemos tanto
fortalecer um idioma, a cultura ou o povo desta fala quanto destruir
essa mesma cultura. Dependerá muito da forma que escrevemos, falamos ou
cantamos.
Nesse caso, vamos juntos fortalece o nosso idioma. Só depende de nós.
Que Deus abençoe a todos.
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