segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A Mais Bela Suíte

A MAIS BELA SUÍTE!


Faz parte de uma linda sinfonia. Aliás, uma bela suíte, composta pelo GRANDE MAESTRO, em especial para dois importantíssimo membros de Sua Orquestra – Pedro e Lisieux. É o quinto movimento 5/16, escrito após os bem sucedidos movimentos anteriores. Aproxima-se mais a uma rapsódia, devido às riquezas de variações tanto de tempo quando de temas melódicos. É tempo de revisar cada instrumento, polimento, aquecimento, passar a afinação. Não sabemos porque, mas todos têm que emitir a mesma nota Lá. Um a um, os instrumentos são afinados, naipe por naipe, timbre por timbre. Pronto! Todos estão no ponto.

Toc-toc! O Maestro bate Sua batuta no topo da estante, indicando que vai iniciar a execução da peça em pauta – SINFONIA EM 16 MOVIMENTOS, subtítulo: ROMANCE BUCÓLICO, 5° movimento. Pedro e Lizieux também estão preparados. Pedro, de arco em suspenso, aguarda o sinal do Maestro para iniciar sua performance em seu violoncelo. Ao comando do Condutor, dá-se início à execução, vindo de um andante, lento e monótono, crescendo para rápido e ritmado, alternado por intercalações de momentos lentos e rápidos que requer atenção concentrada de cada instrumentista, de olho na batuta do Maestro. Após 15 minutos daquela performance, o Maestro termina em estilo Grand Final, e dá-se por bem satisfeito. Afinal, Ele acabara de concluir uma de Suas obras primas. O Movimento 5/16. Exausto, cada artista vai para o seu lado e como que entorpecidos repousam agora um sono bem merecido. O que para alguns estava terminando, para outro apenas estava começando.

De repente, eu existo! Mas não pense que foi assim tão fácil chegar até aqui. Não! Muito pelo contrário. Vamos recordar, de outro ângulo, como tudo isso aconteceu, como decorrência do grande amor entre um casal que mais tarde vim saber que eram os meus pais. Nada havia de inédito nisso tudo. Neste caso já era a quinta edição. E que bela edição! Não fora ela, que seria de mim? Era uma agradável noite de julho de 1950.

Terminados os preliminares, mais pareciam uma máquina alternativa. Entre murmúrios e suspiros, ofegantes, numa perfeita conjugação de desejos, um brusco “apagão” culmina com o início de uma largada que jamais irei esquecer. Aquela emissão jorrou forte e potente, qual um gêiser galácteo, como o tiro da pistola de um juiz olímpico, dando início à corrida da vida. Cerca de 600 milhões de competidores, em tresloucada velocidade desceram àquele canal, nadando numa competição que valeria uma vida.

Concomitantemente, no momento do apagão, o juiz do certame deu a largada.

O primeiro obstáculo, a cérvice, que geralmente se encontra obstruída, para alivio nosso estava livre, não tamponada, dando pleno acesso a um grande lago em forma de balão, ricamente decorado com malhas de artérias como se fora um pódio, aguardando o retorno do ilustre vencedor do torneio para ser aclamado campeão.

Muitos de nós foram desintegrados pelo caminho, pela agressão do ambiente. Isso viera favorecer os que, como eu, vinham mais atrás, dando chance de chegarmos ao objetivo – alcançar o alvo. Ou (porque não dizer?) – o óvulo. Pude, pela primeira vez, experimentar a máxima divina que diz: “tudo é possível ao que crer” e também aquela - “posso tudo naquele que me fortalece”. De fato, tinha que ser por fé eu vencer aquela competição. Competição essa que mudou totalmente o meu destino.

Lá estávamos nós naquele canal, em meio a mais uma competidíssima disputa, numa desvantajosa concorrência de 1 / 600.000.000 (se eu fosse olhar essa ínfima probabilidade talvez não estivesse aqui, contando esta aventura).

E lá ia eu – nadando qual girino e, ao contrário dos demais, sobrenadava instintivamente moderado, temendo desintegrar-me como acontecera a muitos de nós, os quais serviram de tapetes para nós, os finalistas, passarmos. Afinal de contas já havíamos percorrido alguns quilômetros de canais seminíferos, canal deferente, epidídimo, vesícula seminal e agora, na melhor parte da competição, não poderia jamais marcar bobeira. Teria que provar que, além de ser um bom nadador, sou também um bom finalizador.

As regras eram bem claras:

  1. Apenas um competidor venceria o torneio;

  2. Havia apenas um prêmio para o único vencedor;

  3. Não haveria segundo nem terceiro lugares;

  4. Venceria o melhor.

Minha carga genética vinha composta de 22 cromossomos autossomos e ainda o 23°, o cromossomo Y. Eu tinha a missão de gerar um menino. Sabia intuitivamente que deitado em um berço esplêndido esperava-me um gameta com características semelhantes às minhas, exceto pelo fato de o seu cromossomo 23 ser um X. O Criador dotara-me da capacidade incrível e intransferível de determinar o gênero do futuro rebento. Os demais pares transmitiriam as características hereditárias, aparência física, isso do pai, aquilo da mãe, e assim por diante.

Curioso! Uma competição como esta não havia torcida organizada. Nem mesmo os responsáveis por tudo isso que agora dormiam. Somente o Todo-Especial, o Criador, dava-me um incentivo de modo fora do comum. Ele me amou de tal forma, com um amor distinto, mesmo quando eu era algo informe, apenas um projeto de Sua Vontade.

A competição prosseguia acirradamente. Milhares de milhares desistiram, não resistindo às agressões do meio e se diluíram, neutralizando o local em favor dos restante para que chegássemos ao nosso objetivo - acertar o óvulo.

Ainda posso ouvir a voz do Todo-Poderoso, naquela ardorosa torcida por mim – “Vamos lá, Meu filho! Você vai conseguir!”. Você não pode imaginar como aquilo me dava um novo ânimo. Lutava com toda a garra. Opa! Com toda a calda!

Saímos do canal, passamos pela cérvice e adentramos numa espécie de lago de nome Histero. Alguns preferem chamá-lo de Útero ou Madre. Passei por aquele lindo lugar com a nítida impressão que ainda haveria de morar ali por logo tempo.

Outros milhões de antagonistas já haviam passado por ali, mas não resistiram á agressão do meio. Tornaram-se como que tapete e escudo para nós que atrás vínhamos, garantindo o sucesso de nossa missão. Muitos dos companheiros de corrida eram do grupo X e eu pertencia, como antes havia citado, ao grupo Y.

Agora, já na reta final, acelerei o meu ritmo tomando uma boa dianteira.

Descortina-se à minha frente uma bela paisagem e dois túneis. Tive que raciocinar e decidir rápido. Percebi que alguns que iam à minha frente pegaram o túnel da direita. Então, sozinho adentrei ao túnel esquerdo, aventurando, como em uma caça ao tesouro, arrisquei um palpite que me deu uma grande vantagem.

Mas notei que após mim, também se aproximavam vários competidores e aquilo me deu um tremendo arrepio. Num relance, pensei que poderia perder a competição. Lancei um olhar de súplica para o meu Ilustre Torcedor. Senti, sem palavras, que Ele mandava-me ser mais confiante. “Avante, campeão! Estou contigo nessa!”.

Um pinturesco panorama se descortina diante de nós. Um folículo aberto e lindamente decorado abrigava um óvulo, deitado esplendidamente naquele berço natural, gênese da vida.

Meu troféu! Pensei.

Senti então um impulso sobrenatural, como que um tapa em minhas costas. Era como eu pudesse ouvir outra vez a voz retumbante do meu Criador a dizer:

“Vamos lá, campeão! Nunca se esqueça disso – Você é mais que vencedor!”.

Como num salto último de um campeão, caí sobre o meu tão almejado prêmio o qual abriu-se e abraçou-me carinhosamente. Senti que ali estava o meu fim (ou um novo começo). Comecei a diluir-me para dar lugar a uma nova vida. Ganhei uma nova identidade. Ali deu início uma metamorfose. Ao ser recebido no seio daquele corpúsculo, houve uma tremenda festa de núpcias. De um lado, os 22 autossomos e o X cumprimentaram os recém-chegados autossomos para juntos, como num minueto, num túnel auto-invaginante, saudavam reverentemente a união do X e Y. Perdemos nossa identidade e passamos a ser um zigoto.

Daí por diante, foi uma seqüência de transformações. O feto se formava saudável até o término de 38 semanas atingindo sua maturação.

Lá fora, um corre-corre. Algumas pessoas nervosas. O que seria? Por que tanto alvoroço?

Nada de novo a não ser ondas de pressão e dor. Senti-me como se não me quisessem mais ali. Mas por quê? Estava tão gostoso! Nem precisava terminar daquele jeito.

A pressão aumentava e eu nem mais podia me mexer. Muitas vozes lá fora. Não conseguia entender patavinas do que diziam.

Senti como se algo quisesse esmagar minha cabeça que foi-se encolhendo até abrir passagem pelo canal do nascimento.

Lá fora, com as mãos prontas para me receber estava Mãe Pinta, a parteira do lugarejo. Pronto, num esforço sobre-humano, minha mãe conseguiu expulsar-me. Fui recebido nas mãos da parteira que me cortou o cordão umbilical, separando-me de vez de minha mãe. Não sei o que eu fizera ou deixara de fazer. Só sei que, depois de perder o aconchego do ventre materno, fui recebido não com palmas ou vivas. Nem mesmo um bem-vindo. Plact! Abri o berreiro. O que é que fiz? Por que aquele tapa em meu traseiro? Será que foi por ter-me demorado tanto a sair.

Mas foi só a primeira impressão. “É um menino”! Gritou a parteira. “Um belo garoto”! Após limparem-me do líqüido amniótico, colocaram-me em meus cueiros e aconchegaram-me nos braços de minha mãe que logo ofereceu-me o seio para que eu tivesse o meu primeiro alimento externo.

“Bem-vindo, amado meu filho. Que bom que você chegou.

Vai ser cheio da graça, um bem-aventurado. Há de conduzir muitas vidas ao Senhor”.

**********

Nunca se ache um perdedor. Deus fez você, desde o início, para vencer. Nunca desista de seus sonhos. Cada desafio, é mais uma chance de vitória. Cada derrota, como cada vitória, serve-nos para nos preparar melhor, fortalecer-nos a fim de conquistarmos outros objetivos maiores. E, em Cristo, somos mais que vencedores.

Um comentário:

Celia Rodrigues disse...

Olá, Bosco!
Agradeço sua visita ao Prisma, meu blog. Fico feliz que tenha gostado do meu post. Fique à vontade para reproduzir o texto parcial ou completo sobre o projeto "Meninas dos olhos de Deus". É um assunto que deve mesmo ser difundido entre o povo de Deus.
Abraço!

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